Mudanças climáticas colocam 2,6 mil cidades brasileiras em alerta máximo para desastres

Secas, enchentes e deslizamentos se intensificam com as mudanças climáticas, e especialistas alertam para ações urgentes de adaptação.

Segundo dados do AdaptaBrasil, plataforma desenvolvida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e divulgados pela Deutsche Welle, o Brasil tem 2,6 mil cidades classificadas com risco alto ou muito alto para desastres naturais, como seca, inundações e deslizamentos de terra, além de impactos na segurança alimentar provocados por eventos climáticos severos.

O levantamento não inclui incêndios, ondas de calor ou frio, o que significa que a vulnerabilidade pode ser ainda maior.

Por que esse risco está aumentando

O aquecimento global intensifica e aumenta a frequência de eventos externos. Segundo o pesquisador Pedro Ivo Camarinha, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a adaptação deve ser planejada e antecipada para proteger as populações mais vulneráveis.

“A adpatação é um ajuste dos sistemas humanos e naturais para enfrentar as mudanças climáticas, reduzindo vulnerabilidade e exposições de forma planejada”, explica Camarinha.

Passos para adaptação climática

Especialistas indicam três etapas essenciais para que cidades brasileiras enfrentem a crise climática:

  1. Conhecer os riscos: identificar eventos extremos que afetam o município;
  2. Planejar ações concretas: criar planos de prevenção e resposta;
  3. Executar, avaliar e aprimorar: implementar medidas e monitorar resultados.

Programa AdaptaCidades: ações até 2027

Para apoiar estados e municípios, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançou o AdaptaCidades, que incentiva a criação de planos de adaptação regionais ou municipais.

  • Previsão: maioria dos planos prontos até 2026, com implementação em 2027.
  • Meta inicial: 260 cidades. Após articulação com governos estaduais, o número subiu para mais de 500.
  • Exemplo no RS: estado terá 11 planos regionais, contemplando 206 municípios.

A seleção das cidades prioritárias considera dados do AdaptaBrasil, do Atlas Digital de Desastres no Brasil e indicadores socioeconômicos, como o número de beneficiários do Bolsa Família.

Exemplos que inspiram:

Alguns municípios já colocam em prática soluções eficazes de adaptação climática, segundo informações do MMA:

Recife (PE)

  • Parque Capibaribe: amplia áreas verdes, reduz temperatura, diminui emissões de gases de efeito estufa e cria espaços de lazer.
  • ProMorar: obras de contenção de encostas e drenagem urbana, com investimento de R$ 2 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Santos (SP)
Projetos de adaptação baseada em ecossistemas em morros afetados por deslizamentos. Áreas de risco são transformadas em hortas comunitárias e espaços coletivos.

Desafios para transformar planos em realidade

Um estudo coordenado por Érico Masiero, professor da UFSCar, analisou planos climáticos em 18 cidades do mundo, incluindo São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba.

Conclusão: muitas cidades não conseguem transformar o que está no papel em ações concretas.

Principais obstáculos:

  • Orçamento limitado;
  • Baixa conscientização pública;
  • Outras prioridades políticas e econômicas;
  • Falta de monitoramento das medidas.

O problema das ilhas de calor

Um exemplo citado por Masiero é Rio Branco (AC), que não incluiu no seu plano o combate à ilhas de calor, áreas urbanas que acumulam calor devido à ocupação intensa e uso de materiais que retêm temperatura.

Durante uma onda de calor, cidades com média de 25ºC podem ultrapassar 30ºC. Se houver ilha de calor, a temperatura pode subir mais 5ºC ou 6ºC.

A solução passa por planejamento urbano, aumento de áreas verdes, uso de corpos d’agua e redução da impermeabilização do solo.

Soluções baseadas na natureza

Para Camarinha, obras estruturais são importantes, mas não suficientes. É preciso também:

  • Apostar em soluções baseadas na natureza (como reflorestamento urbano e preservação de mananciais);
  • Fortalecer a capacidade institucional;
  • Criar uma governança climática com visão de longo prazo.

Adaptação é um processo contínuo

“Adaptar as cidades não tem fim. É preciso reavaliar constantemente, porque o clima, as características sociais e o uso do solo mudam ao longo do tempo”, reforça Camarinha.

Com eventos extremos cada vez mais frequentes e severos, o momento de agir é agora, antes que tragédias como as registradas no Brasil nos últimos anos se repitam.

Os dados do AdaptaBrasil e as análises de especialistas como Pedro Ivo Camarinha (Cemaden) e Érico Masiero (UFSCar) deixam claro que as mudanças climáticas já afetam de forma direta e crescente as cidades brasileiras. O número de 2,6 mil municípios em risco alto ou muito alto não é apenas uma estatística: representa vidas, infraestrutura e economias locais sob ameaça constante.

A experiência de cidades como Recife e Santos mostra que planejar e investir em adaptação é possível e traz resultados, especialmente quando há integração entre políticas públicas, ciência, recursos financeiros e soluções baseadas na natureza.

Diante da intensificação de eventos extremos, adiar decisões só aumentará custos e perdas. O momento de agir é agora, seja no âmbito federal, estadual, municipal ou mesmo comunitário. Cada passo dado hoje é um risco evitado no futuro.

A Verde e Progresso apoia empresas e municípios na implementação de projetos ambientais e de adaptação climática. Entre em contato para conhecer iniciativas que podem reduzir riscos e melhorar a qualidade de vida da sua comunidade.

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