Salvar o planeta é papel do Estado e não das empresas?
Grande parte dos problemas ambientais que vivemos hoje se deve ao preceito de gerar o maior lucro possível. Hoje todos tem noção de que esta crise se deve à exploração inadequada de recursos naturais, promovidos justamente pelas empresas, que procuram atender a demandas cada vez maiores. Perante este descontrole, o consumidor tem cobrado e as organizações de forte peso no mercado estão buscando aliar o lucro com o meio ambiente, obtendo, assim, um desenvolvimento sustentável.
É papel do Estado regulamentar e fiscalizar, e podemos notar, em todo o planeta, inúmeros avanços neste sentido. No caso do Brasil encontramos a Lei 12.305/10 e seu decreto 7404/10; mas as mudanças exigem também a participação do consumidor, que já está mais consciente, e exige, cada vez mais, atitudes de todos os envolvidos na cadeia produtiva.
A onda verde cresce cada vez mais no mundo por diversos motivos:
Exigência do mercado consumidor
No Brasil e no mundo o consumidor está mais consciente, o que é decisivo para que se modifiquem as práticas de produção e de vendas. Esta nova perspectiva traz consigo a chamada transparência radical, hoje vista como uma realidade em constante evolução e sem delineamento regressivo. Essa tendência atrairá ou afastará os consumidores de produtos com boa ou má trajetória ambiental.
Seletivos e exigentes, os consumidores são cada vez menos clientes e cada vez mais cidadãos, em busca de um complemento de sentido e de consciência em seus atos de compra.
O ambientalismo já possui grande destaque na lista de interesses da cidadania, juntamente com a espiritualidade, cujas facetas se interligam.
A mídia e as empresas ambientalmente corretas
A mídia pode desprezar diversas técnicas empresariais de competição mercadológica ou não destacá-las, mas nunca o fará no que tange ao aspecto ambiental.
Este, por sua vez, faz parte da pauta prioritária de qualquer meio de comunicação. Boas práticas terão ampla receptividade. Práticas nocivas, no entanto, serão expostas ao conhecimento público.
As políticas públicas ambientais e a rigidez das leis
Com a crescente demanda do tema ambiental, a legislação mundial aumentará as exigências quanto a regras ambientais. Legislar sobre acirramento de exigências ambientais terá o respaldo da opinião pública.
Com a entrada em vigor da lei 12.305/10 e seu decreto 7404/10 o poder público brasileiro deu um importante passo no que tange a responsabilidade pelo descarte de resíduos sólidos. Desta forma, empresas, fornecedores, produtores e consumidores podem ser responsabilizados por práticas não aceitas e responderão pelos danos causados civil e penalmente.
Mesmo que sua atividade não esteja ligada diretamente ao controle ambiental, a de seus fornecedores, parceiros, estará. E em algum momento sua atividade poderá ser demandada por autoridades ambientais; sua empresa será obrigada a mudar as rotinas.
Abertura de novos mercados
Pesquisas indicam que 8 entre cada 10 consumidores optariam por comprar produtos de empresas ambientalmente sustentáveis. No Brasil, 63% dos consumidores têm essa tendência.
Com o mercado globalizado, a influência externa sobre os clientes é fator considerável e em constante crescimento.
A consciência ambiental nas pessoas está crescendo cada vez mais e atinge em cheio a geração mais jovem, que já tem influência sobre o consumo de muitos produtos e será a próxima geração consumidora.
Diferencial perante a concorrência
A empresa verde já é prática dominante no mercado internacional. No Brasil é o principal foco de muitas grandes organizações, como hipermercados, indústrias e bancos.
Esperar que o seu concorrente saia na frente não faz parte de boas estratégias competitivas,
pois vence quem sai na frente e chega com qualidade.
O consumidor estará atento a qualquer movimento positivo, e hoje ganha muito quem adota a ecovantagem.
Prestígio e valorização da marca
A manutenção do prestígio de uma marca é desafio permanente. O mesmo ocorre com a fidelização e a valorização da mesma. As práticas ambientais corretas agregam valor às marcas e produtos, vistos como modernos, atuais e confiáveis.
Atualmente, inexiste forma mais adequada de buscar unanimidade entre consumidores do que demonstrar (e não basta dizer) que a empresa é verde ou ambientalmente correta.
É preciso atingir novos consumidores e buscar diferentes atrativos, e nenhum outro se revela tão promissor, atual e inovador quanto o fator ambiental.
O endomarketing
O primeiro objetivo do empregador é motivar o seu público interno.
Uma empresa, ao adotar práticas ambientais saudáveis, fará com que seus colaboradores diminuam o consumo de insumos e recursos naturais; diferente de outras metodologias de redução de custos, a atitude verde tem adesão espontânea e engajamento de todos.
Os colaboradores de uma organização também são cidadãos que frequentemente são chamados a adotar procedimentos ambientais corretos, quer seja por seus filhos, pelas escolas, pela mídia ou por todas as demais formas de comunicação.
A gestão ambiental interna envolverá a todos, possibilitando uma discussão moderna e permitindo que os conhecimentos de cada um, desde o operário até o mais qualificado dos executivos, se coloquem em harmonia com o meio ambiente.
Prevenção de passivos ambientais
A responsabilidade por danos ambientais é do próprio agente e, ainda, por força da lei, extensiva a todos os envolvidos no processo de fabricação, distribuição, armazenamento, transporte, etc.
Ao implantar práticas ambientalmente corretas, que vão desde o controle de compras até a logística, os riscos de passivos ambientais diretos ou indiretos serão minimizados ou serão conhecidos antecipadamente, propiciando alterações sem relevante ônus.
Relacionamento com fornecedores diferenciado
Comunicar aos fornecedores a adoção de boas práticas ambientais agrega valor ao relacionamento; sua empresa é vista como um referencial de modernidade, segurança e comprometimento.
Virtudes que estreitarão as relações e trarão significativas mudanças ao convívio.
Relacionamento com os stakeholders
Stakeholder é qualquer pessoa afetada direta ou indiretamente pela empresa: acionistas, clientes, fornecedores, autoridades, mídia, comunidades vizinhas, ONGs, etc.
Com a facilidade e velocidade da comunicação de hoje, não há mais como ocultar as práticas externas e, até mesmo, muitas das práticas internas; as ações de cada empresa determinam a qualidade do relacionamento que se estabelece com todos aqueles que a compõem e a circundam.
Inserção no mercado internacional
Se no Brasil as empresas ambientalmente sustentáveis já são tendências inadiáveis, no mercado internacional essa visão já mostra-se como costumeira. É obrigação.
Em tempo muito breve não haverá mais espaço de exportação ou, se houver, será carregado de sobretaxas para empresas que não adotem práticas ambientalmente corretas.
O alcance do mercado externo só será possível para as organizações que possuem práticas ambientais certificadas.
Benefícios na concessão de créditos para o ecobusiness
Os bancos internacionais e brasileiros já adotam o critério ambiental para concessão de créditos.
Se um banco pode escolher o seu cliente, certamente optará por aquele que demonstrar práticas ecoeficientes, reveladoras de empresas modernas, atuais e com menos riscos de impactos na mídia, demonstrando também que a empresa está atenta aos novos mercados.
Os bancos oficiais brasileiros dispõem de linhas especiais para essas empresas, que sendo verdes, têm custos reduzidos, o que gera mais segurança para o cedente do crédito.
A adoção de práticas verdes é considerada, do ponto de vista externo, prática inovadora e inspiradora de confiança, sendo fator sedutor na análise de créditos.
Otimização contábil: a contabilidade verde
A contabilidade é a expressão numérica e quantitativa de tudo que ocorre em seu movimento empresarial. A valorização de rubricas contábeis em muitos casos gera custos tributários.
A valorização de ativos através de práticas ambientais não tem ônus. Só tem dividendos, tanto para o patrimônio líquido e tanto para a imagem da empresa, perante o fisco, os bancos e os acionistas e, quiçá, futuros investidores.
Todo o custo que tiver com a implementação do sistema será revertido, também por outros meios, mas especialmente pela valorização dos ativos intangíveis.
O investidor responsável
Todos os grandes investidores mundiais hoje estão focados no chamado investimento responsável. Isso significa que não haverá investimento de capital em empresas que não apresentem produção limpa ou que demonstrem ser ecoeficientes.
Quando surge a necessidade de investimento externo, o primeiro requisito será uma auditoria de responsabilidade ambiental.
A prática ambientalmente correta antecipa esses procedimentos, colocando a empresa em condições de receber capital externo, através de venda, fusão ou outra modalidade.
O relatório socioambiental
A gestão ambiental produz efeitos na contabilidade, otimizando a performance e gerando, ao final, um relatório de sustentabilidade ambiental – um indicativo de extremada prática de boa gestão. A divulgação deste relatório é fundamental para informar aos stakeholders o balanço das práticas ambientais da empresa e garantir a ecovantagem.
Redução de custos a longo prazo
Implementar soluções verdes pode reduzir despesas operacionais, como economias de energia e água, além de reduzir multas e penalidades ambientais.
Acesso a novos mercados e financiamentos
Empresas sustentáveis têm maior acesso a mercados internacionais que exigem práticas ESG e atraem investidores que buscam negócios alinhados com práticas verdes.
Resiliência a crises ambientais
Empresas que adoram práticas sustentáveis estão mais preparadas para enfrentar os desafios econômicos relacionados às mudanças climáticas.
Fidelização e atração de talentos
Colaboradores e clientes cada vez mais preferem marcas que demonstram compromisso com a sustentabilidade, o que melhora a retenção de talentos e fortalece a base de cliente leais.
Ecovantagem
Se o ambientalismo é hoje tão comentado no mundo, inserir sua empresa de forma positiva e correta nessa vitrine é transformar crise em oportunidade.
É a ecovantagem.
Ser verde valoriza sua marca, mudando a percepção de consumidores, funcionários, fornecedores, investidores.
Atrai também atenção da mídia – boas práticas são sempre bem recebidas, enquanto fatos negativos são frequentemente potencializados.
A gestão ambiental produz efeitos na contabilidade, otimizando a performance e gerando, ao final, um relatório de sustentabilidade ambiental – um indicativo de extremada prática de boa gestão.
Nenhum outro movimento de tamanha abrangência, com fundamentação jurídica, filosófica, sociológica e contábil produz impacto tão positivo sobre seu balanço. E sem custo tributário.